SANTA MARIA ASSINALA OS 100 ANOS DA CHEGADA DOS/AS SOBREVIVENTES DO NRP AUGUSTO DE CASTILHO A VILA DO PORTO

Terça, 16 Outubro, 2018 | Fonte: CMVP

Realizou-se hoje, dia 16 de outubro, a cerimónia de descerramento da placa comemorativa dos 100 anos da chegada dos sobreviventes do NRP Augusto de Castilho a Vila do Porto, chefiada pelo Comandante da Zona Marítima dos Açores, Comodoro Croca Favinha, que tomou posse do cargo no passado dia 3 de outubro.

Segundo o Comandante Comodoro Croca Favinha, o descerramento desta placa comemorativa em Santa Maria, afixada no Largo Sousa e Silva, junto ao Forte de São Brás, está integrada numa serie de eventos destinados a honrarem os bravos marinheiros do NRP Augusto de Castilho, que fez no passado domingo 100 anos que combateram o Submarino Alemão U-139 a 200 milhas de Santa Maria num combate desigual mas necessário perto do fim da 1ª Guerra Mundial. 

Entrando um pouco em mais detalhe, o Comandante Croca Favinha conta que no final da 1ª Guerra Mundial, o NRP Augusto Castilho recebeu como Comandante o primeiro-tenente Carvalho Araújo, que zarpou de Lisboa, a 8 de outubro de 1918, com a missão de escoltar o navio de passageiros “Beira” para a Ilha da Madeira. Na Ilha da Madeira o navio teve de ficar em quarentena e aproveitaram esse facto para lhe dar uma nova missão de escoltar o navio de passageiros “São Miguel” de partida para Ponta Delgada, com 206 passageiros. 

Zarparam ao pôr-do-sol do dia 13 de outubro e às 06h15 do dia 14 ouviu-se o primeiro tiro contra o Vapor São Miguel disparado pelo Submarino Alemão U-139. Para protegê-lo, esgotadas as caixas de fumo que lançara para despistar o inimigo, o Augusto de Castilho avançou diretamente sobre o submarino alemão, passando a receber o fogo inimigo e dando tempo ao vapor para se distanciar. Após duas horas de combate, com vítimas fatais no convés, a artilharia danificada e as munições esgotadas o navio Augusto de Castilho rendeu-se. No entanto, o último tiro do submarino vitimou fatalmente o comandante Carvalho Araújo.

Dada a ordem de abandonar o navio pelo imediato, o guarda-marinha Armando Ferraz, os sobreviventes conseguiram lançar ao mar um salva-vidas onde se comprimiram trinta e seis homens. Doze outros sobreviventes, em uma jangada improvisada, conseguiram autorização dos alemães para retornar a bordo e pegar um bote. O caça-minas foi então afundado pelos alemães. 

O salva-vidas conseguiu atingir, em quarenta e oito horas, a ilha de Santa Maria, com trinta e cinco sobreviventes, mencionados na placa comemorativa (um dos feridos não resistiu, tendo o seu corpo sido lançado ao mar), aqui foram recebidos pela população da ilha que lhes ajudou e os alimentou. O bote com os demais náufragos alcançou a ponta do Arnel, na ilha de São Miguel, a 20 de outubro. O comandante alemão enaltece elogios à coragem de Carvalho Araújo.

O Comandante reforçou que este episódio relembra os valores da nossa Marinha: o espirito de missão, a coragem e o altruísmo, que permitiram que o navio de transporte vosso salvo. Estas comemorações são um atributo da Marina, ao que os Açores se associaram, aos heróis que devem ser lembrados. 

Terminando a sua exposição, o Comandante agradeceu aos marinheiros do NRP Augusto de Castilho que garbosamente combateram, ao Comandante Carvalho Araújo que não teve dúvidas no momento que foi chamado a cumprir o seu dever, e a esta magnifica Ilha de Santa Maria que os recebeu de braços abertos.

Ezequiel Araújo, Vice-presidente da Câmara Municipal de Vila do Porto, no seu discurso de encerramento enalteceu a importância que a iniciativa tem para a ilha de Santa Maria e para a manutenção de uma memória futura do acontecimento. Reforçou, ainda, que o Município de Vila do Porto encontra-se sempre disponível e interessado em todas as ações que sejam uma referência história e cultural para a ilha.

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